Bancos, ciclos econômicos e oportunidades…
Uma das primeiras lições do mercado de derivativos é que não há ganho para todos. Se alguém ganhou é porque alguém perdeu. O mesmo acontece com a participação de mercado: para alguém ganhar participação é porque alguém perdeu (ou deixou de ganhar para os mais otimistas). A soma sempre resulta em 100%!
A disputa pelo mercado bancário segue as mesmas regras de competição. Uma consideração adicional poderia ser que – diferentemente de outros setores – o setor bancário se movimenta em grupo e de forma anticíclica e reativa à economia.
Num cenário próximo de desaquecimento da economia o que devemos, então, esperar deste setor? O palpite inicial é que o setor bancário crescerá neste cenário e as participações estáveis. Talvez sim…talvez não.
Para entender melhor este futuro, vamos olhar para o passado. Inicialmente, vamos separar os top 5, pois representam cerca de 78% (nov-2014) em volume de crédito para a economia no Brasil.
Organizando a participação individual dos top 5 e dos demais (todos os outros participantes) em … 6 tons de cinza …
Market share
…percebemos que nem tudo está como o esperado. Os top 2 bancos, ambos públicos, representados pelas linhas ascendentes destoam do universo bancário, sendo que o banco Top 2 tem um comportamento realmente diferente. Em termos mercadológicos, o Top 2 cresceu muito, o Top 1 cresceu e os outros encolheram! A consideração adicional feita anteriormente já pode ser modificada para: “o setor bancário quase sempre anda em grupo, mas pode haver desgarrados, muito desgarrados”!
Observando agora o comportamento econômico, vamos testar nosso palpite inicial. Para isso, vamos comparar a oscilação do market share (participação) dos bancos em janela de 12 meses (eixo esquerdo) com a oscilação do PIB acumulado, também em 12 meses (eixo direito). Como apenas os top 2, públicos, apresentaram participação crescente, vamos isolá-los na análise dos demais bancos (1- Top 2 Pub).
Top 2 Pub
1- Top 2 Pub
Agora já é possível um palpite melhor! Os top 2 bancos, públicos, com cerca de 48% do mercado (nov-2014) apresentam trajetória de participação atrelada à trajetória do PIB, principalmente o banco Top 2. Em outras palavras, eles são cíclicos em termos de market share. Os demais, apesar de estarem apresentando redução de market share (valores negativos), são anticíclicos!
Trazendo a expectativa econômica de desaceleração, podemos, portanto, esperar que a taxa de crescimento dos top 2 bancos, públicos, deva reduzir junto com o PIB. Não é possível dizer que eles vão encolher de tamanho, mas é possível dizer que este é o cenário para que os demais bancos tentem conquistar espaços.
Do ponto de vista macroeconômico, o único papel observado nestes top 2 bancos, públicos, é de concentração bancária, crescente e cíclica, o que não é, exatamente, um papel positivo!
Do ponto de vista do investidor, é o momento de observar quais bancos estão nos nichos corretos, pois eles provavelmente responderão melhor a partir de agora, pois são anticíclicos!
A largada já foi dada!
As informações foram obtidas a partir do Sistema TRISK, integrante da Plataforma Integrada de Risco Duxus (http://www.duxus.com.br). Este sistema possui dados históricos de estatísticas bancárias sobre todas as instituições financeiras, que foram utilizados na elaboração desta análise.