Em post anterior, Bancos de Spread e Bancos de Risco, foram apontadas considerações sobre o processo de transformação de um tipo de banco em outro. Basicamente, a cultura sobre o uso de derivativos.
O objetivo, agora, é outro. Discutir sobre o timing.
Timing é um componente tão importante quanto a própria decisão pela estratégia em si. É necessário acertar ambos (ou errar pouco no conjunto): timing e estratégia.
Abandonar o perfil de banco de risco, com o padrão de captar num fator de risco e emprestar em outro, é a estratégia.
Decidir quando fazer, é o timing.
O gráfico acima representa o histórico da meta SELIC estabelecida pelo COPOM (COmitê de POlítica Monetária) para controle da inflação. Desconsiderando o descasamento entre a decisão da meta pelo comitê e inflação real, é possível perceber que os patamares atuais da SELIC representam uma segunda oportunidade de timing. Este é o recall.
Evidências
Comparando as situações econômica de 2013 com 2017, há dados para refletir se estamos num cenário de maior ou menor incerteza. Vale mencionar alguns breves fatos.
- as agências de risco, a partir de 2015, rebaixaram o rating país para categoria especulativa. Foi o fim do selo de investimento necessário para muitos investidores institucionais internacionais.
- o resultado primário do país, que segundo a própria definição do Banco Central “evidencia o esforço fiscal do setor público livre da ‘carga’ dos deficits incorridos no passado” acumula nos últimos 3 anos (2015 a 2017) quase 350 bilhões de deficit
- a dívida pública total, que indica a necessidade de financiamento/poupança apresenta um crescimento médio anual nos últimos 3 anos de 13,89% a.a.
Sobre estes breves fatos, vale ainda acrescentar que 2018 é um ano de incertezas políticas grandes, reformar dúbias, inócuas e algumas temerárias.
Como talvez alguns concordem, o cenário é de mais do que incerteza. Alguns pontos ainda permanecem obscuros, como o dólar. Está tão estável que convence os discordantes de que a situação não é como os números mostram. O futuro dirá.
Para os concordantes, e, novamente desconsiderando o descasamento meta e inflação, a hora é agora. Este é um dos raros momentos do qual nos arrependeremos no futuro se não observarmos. É uma grande oportunidade de alinhamento econômico e estratégico para bancos decididos em reduzir seu risco e virarem bancos de spread.
Este recall vale por tempo determinado.