Autor: Samuel Rodrigues

Expectativa de Inflação do Mercado (11/2023)

Nesse post, discutiremos a expectativa de inflação do mercado e confrontaremos com a última divulgação do relatório FOCUS e expandiremos nossa série, acrescentando o ano de 2024 na análise.

Vale ressaltar que o reltório FOCUS aponta as expectativas do mercado, porém, seus resultados podem divergir dos preços de mercado de fato. Dito isso, cabe a essa análise, verificar e apontar as divergências entre as expectativas de mercado e o que o relatório FOCUS demonstra.

IPCA pelos Preços de Mercado

Na última segunda-feira (06/11), o FOCUS apontou para uma expectativa de terminarmos o ano com uma inflação de 4,63%. Ao analisarmos as expectativas de mercado, por meio dos contratos de derivativos negociados para IPCA, observamos que o mercado se apresenta com um otimismo maior, apostando em uma inflação abaixo do que foi apontado no relatório, precificando a inflação em 4,58%.

O comportamento das apostas do FOCUS para a inflação tem passado por um reajuste para baixo nas últimas semanas, comportamento esse que tem sido replicado pelo mercado. Isso nos leva a crer que mercado e FOCUS estão caminhando para uma mesma direção para 2023.

Apostas para 2024

O relatório FOCUS retrata as expecativas de mercado sob a ótica dos seus maiores participantes. Essas expectativas nem sempre convergem com o que o mercado acredita, e é isso que podemos enxergar no gráfico acima. Apesar das apostas seguirem o mesmo caminho quando analisamos o ano de 2023, se acrescentarmos o ano de 2024 à análise, vemos apostas bem diferentes para a inflação. No gráfico é possível observar as expectativas de mercado na linha transparente, que por sua vez representa o acumulado da variação mensal da inflação em 2024.

Enquanto o FOCUS aponta para uma inflação de 3,91% para 2024, os contratos negociados de IPCA demonstram uma aposta dos agentes do mercado para uma inflação muito acima do apontado pelo relatório, encerrando em 4,37%. Destacar o motivo dessa diferença não é uma tarefa fácil, porém o ambiente de incertezas sobre a capacidade do governo em cumprir as metas fiscais para 2024 podem ter parcela nessa diferença de expectativas. O que podemos afirmar é que a média das expectativas que compõem o relatório FOCUS não está próximo do que o mercado tem apostado e precificado para o ano.

COPOM no Horizonte: Visão de 18-Out-23

Tendo se passado uma semana desde a última análise das expectativas de mercado para a os cortes da SELIC, partimos agora para um novo cenário de apostas para as próximas reuniões do COPOM. O ponto de destaque essa semana está na mudança das apostas para o primeiro COPOM de 2024, como iremos elencar a seguir.

O Resultado

Utilizando os dados de fechamento de mercado coletados no dia 17 de Outubro, as expectativas de mercado foram:

Taxa SELIC atual: 12,75% a.a.

Decisão de novembro/23:

  • 85% acreditam em QUEDA de 0,50 ou SELIC a 12,25%
  • 15% acreditam em QUEDA de 0,75 ou SELIC a 12,00%

Decisão de Dezembro/23:

  • 75% acreditam em QUEDA de 0,50
  • 25% acreditam em QUEDA de 0,25

Decisão de Janeiro/24:

  • 65% acreditam em QUEDA de 0,75
  • 35% acreditam em QUEDA de 1,00

Constatações

A poucos dias do penúltimo COPOM de 2023, vemos uma aproximação das expectativas do mercado com as falas do Banco Central. Vemos pela segunda semana consecutiva o mantimento das apostas para um corte de 0,5 para 85% do mercado, contra 15% apostando em uma queda de 0,75.

Para o último COPOM de 2023, temos uma mudança no comportamento das apostas, quando comparamos com a última análise, feita no dia 11 de outubro. Na semana passada, obtivemos uma aposta majoritária em um corte de 0,5, comportamento este que perdurou para a nossa análise de hoje. O que podemos destacar de grande mudança para o segundo COPOM é a segunda parcela de aposta, essa semana tivemos 25% do mercado apostando em um corte de 0,25, com uma expecativa inferior as promessas de corte do Banco Central. Esse comportamento de aposta inferior ao do estabelecido pelo Banco Central é visto pela primeira vez desde a última ata do COPOM. Apesar dessas divergências, a maior parte do mercado continua a apostar com base nas falas do Banco Central.

O cenário para 2024 segue sendo um campo de incertezas no que tange as apostas do mercado. Nesta semana, podemos observar uma mudança drástica nas apostas. Nas últimas semanas vimos apostas quase que predominantes em um corte de 1 ponto percentual para a primeira COPOM do ano, porém, na análise de hoje, vemos uma inversão na parcela de aposta, com 65% do mercado apostando em um corte de 0,75. O que pode explicar esse novo cenário de corte para o COPOM de 2024 é o ambiente global, que atualmente se encontra cercado de desconfiança devido os conflitos no Oriente Médio, fazendo uma maior parcela do mercado acreditar em uma desacelaração dos cortes para maior controle da inflação (que de fato virá). Aguardaremos pelas próximas movimentações do mercado.

Análise feita por meio de modelo interno de detectação da expectativa do mercado para SELIC.

COPOM no Horizonte: Visão de 11-Out-23

Dando prosseguimento com as últimas análises referente às expectativas de mercado para a taxa SELIC, nos encontramos em um cenário de mais proximidade do mercado com as falas do Banco Central a respeito dos próximos cortes da SELIC, diferenciando dos cenários vistos até então, onde uma parcela maior do mercado precificava os cortes da SELIC acima do esperado.

O Resultado

Utilizando os dados de fechamento de mercado coletados no dia 10 de Outubro, as expectativas de mercado foram:

Taxa SELIC atual: 12,75% a.a.

Decisão de novembro/23:

  • 85% acreditam em QUEDA de 0,50 ou SELIC a 12,25%
  • 15% acreditam em QUEDA de 0,75 ou SELIC a 12,00%

Decisão de Dezembro/23:

  • 85% acreditam em QUEDA de 0,50
  • 15% acreditam em QUEDA de 0,75

Decisão de Janeiro/24:

  • 10% acreditam em QUEDA de 0,75
  • 90% acreditam em QUEDA de 1,00

Constatações

O comportamento das apostas do mercado apontam uma maior aproximação da expectativa de mercado com as sinalizações de corte da SELIC definidas pelo Banco Central para o ano de 2023. É de conhecimento geral que o Banco Central tem seus cortes (de 0,5 pontos percentuais) estabelecidos para a SELIC até o final do ano, porém, isso não exclui a possibilidade de certos agentes do mercado apostarem contra, afim de tentarem encontrar brechas para lucro, o que explica os 15% de aposta para cortes de 0,75 para as duas reuniões restantes do COPOM em 2023, frente aos 85% do mercado precificando um corte de 0,5.

Com a virada do ano, vemos o mercado abrindo e mudando de maneira drástica suas apostas. Isso se dá pois o Banco Central tem seus cortes definidios até 2023, abrindo espaço para diferentes apostas em 2024. Esse comprotamento de apostas mais agressivas para os cortes da SELIC para 2024 tem sido observado desde análises anteriores, o que aponta uma tendência do mercado em acreditar que o Banco Central irá de fato aumentar seus cortes com a virada do ano.

A nós, cabe analisar o quanto esse corte está próximo das projeções referentes ao próximo ano, levando em conta o cenário econômico atual e as projeções para o ano de 2024. Acredita-se que os cortes da SELIC seguirão de maneira gradual, o que contraria as apostas do mercado, que tem precificado cortes mais arrojados para o próximo ano. Por hora, o que resta é esperar.

Expectativa de Inflação do Mercado (09/2023)

No post anterior, discutimos a expectativa de inflação do mercado, confrontando tais resultados com a última divulgação do relatório FOCUS.

O relatório FOCUS traz as expectativas do mercado, porém, seus resultados podem divergir dos preços apontados no mercado. Dessa forma, o objetivo dessa publicação é o de verificar essa divergência e apontar as direções do mercado e do último relatório FOCUS publicado (04/09).

IPCA pelos Preços de Mercado

O gráfico acima demonstra a expectativa de inflação a partir dos preços negociados no mercado de derivativos, levando a uma projeção de inflação acumulada para 2023 de 5,41% a.a, valor superior ao que foi apontado na última análise, onde o mercado estava precificando uma inflação acumulada para 2023 de 5,34% a.a.

Podemos afirmar que a precificação do mercado caminhou junto a precificação do FOCUS, que apontou um aumento na inflação acumulada para o ano de 2023, o que por sua vez está relacionada as últimas mudanças na taxa SELIC e demais fatores macroeconômicos.

Apesar de caminharem na mesma direção, ainda existe uma divergência entre a precificação do mercado e do relatório FOCUS, tendo em vista que o relatório utiliza as medianas das expectativas dos maiores agentes do mercado. Ainda, vale ressaltar que o mercado prevê mais rápido as possíveis variáveis macroeconômicas, estando assim mais sensíveis a notícias.

Fim de Ano

A nova projeção de inflação do relatório FOCUS apontou para um acumulado de 4,92%, enquanto o mercado está precificando a 5,41%. Mais uma vez ressaltamos a dificuldade de prever quem está certo, porém, se seguirmos a mesma mecânica da última publicação e fizermos uma média entre as duas projeções, podemos dar um palpite para a inflação de 5,16%.

Todos os conceitos apresentados são originados em nosso Sistema de Risco de Mercado com aplicação de um modelo interno de análises para detecção da expectativa de inflação medida pelo IPCA.

Qual é a expectativa de inflação do mercado?

No último dia 28/07, o Banco Central divulgou o relatório FOCUS, contendo estimativas para o IPCA. Segundo o relatório, 2023 encerraria com uma inflação de 4,84% no ano.

Este relatório é uma ótima leitura sobre as expectativas de mercado, mas ainda são apenas expectativas e que podem divergir dos preços apontados no mercado.

IPCA pelos Preços de Mercado

O gráfico acima representa a expectativa de inflação a partir dos preços negociados no mercado de derivativos. Com base nestes contratos, o mercado projeta uma inflação acumulada para 2023 de 5,34% a.a.

Um fator de diferença entre estas projeções (FOCUS x preços) está na forma como o relatório FOCUS é elaborado, utilizando a mediana das expectativas dos agentes de mercado. No entanto, os preços negociados no mercado também são, de certa forma, uma expectativa média sobre o futuro.

Outro fator de divergências está no fato dos preços de mercado serem mais sensíveis a quaisquer notícias, de modo que amplificam movimentos do dia a dia. Esta deve ser a principal causa das diferenças.

Fim de Ano

Mas o final do ano será de 4,84% ou 5,34%? Não é possível prever, mas um bom palpite para o momento seria a média entre estes dois números ou 5,09% no ano de 2023.

Todos os conceitos apresentados são originados em nosso Sistema de Risco de Mercado com aplicação de um modelo interno de análises para detecção da expectativa de inflação medida pelo IPCA.